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Por que a procrastinação ainda é um problema pra nós humanos em 2025?

Por que a procrastinação ainda é um problema pra nós humanos em 2025?

Se você acha que em 2025 a tecnologia nos ajudou a vencer a procrastinação, pense de novo. Entre inteligência artificial, aplicativos de produtividade e uma infinidade de tutoriais sobre “como ser mais eficiente”, ainda encontramos tempo para rolar infinitamente o feed ou decidir que organizar os cabos atrás da TV é prioridade absoluta. Mas por que isso ainda acontece?

A ciência vem investigando a procrastinação com mais profundidade nos últimos anos, e os resultados são relevantes. Estudos apontam que o problema vai muito além de simples falta de disciplina. A procrastinação está ligada à regulação emocional, à forma como nosso cérebro lida com recompensas e até à nossa relação com o estresse.

O medo do fracasso nos paralisa
(e a ciência comprova)

Pesquisas recentes da Universidade de Stanford mostram que o medo de falhar ativa as mesmas regiões cerebrais associadas à dor física. Ou seja, seu cérebro lida com um deadline apertado do mesmo jeito que lida com um tombo.

Muitas vezes, isso ocorre porque associamos o fracasso a uma ameaça pessoal, como se cada erro fosse um reflexo da nossa própria competência e valor. Esse ciclo de evitação pode se intensificar conforme acumulamos tarefas inacabadas, aumentando ainda mais a ansiedade e reforçando a ideia de que não somos capazes de concluir com sucesso o que nos propomos a fazer.

A Fundação Nacional do Sono nos lembra que passamos, em média, 2 horas e 27 minutos diários no celular. Some isso às horas gastas com atividades secundárias e percebemos que, na verdade, o problema não é a falta de tempo, mas sim a gestão dele. Muitas vezes, acreditamos que só poderemos realizar uma tarefa quando tivermos um grande bloco de tempo disponível, mas isso raramente acontece.

Além disso, a ilusão de que estamos ocupados nos faz sentir produtivos, mesmo quando estamos apenas lidando com tarefas triviais. A procrastinação, nesse caso, não é resultado de um dia curto, mas da priorização de atividades que geram gratificação imediata em detrimento das que exigem mais esforço mental.

O estudo da Universidade de Columbia mostrou que, quando confrontados com muitas escolhas, as pessoas tendem a não escolher nada. Esse fenômeno, conhecido como “paralisia da decisão”, também se aplica à nossa lista de tarefas. Quanto mais opções temos, maior a chance de não sabermos por onde começar.

O cérebro humano é naturalmente avesso ao esforço, então, diante de várias possibilidades, ele busca a opção que exija menos energia cognitiva. Quando todas as tarefas parecem igualmente importantes ou urgentes, nossa resposta muitas vezes é adiar a decisão, pois tememos escolher errado. Isso pode levar a um ciclo de inação, onde postergamos as decisões até que o tempo limite nos force a agir sob pressão.

O esgotamento digital está presente

Um estudo de 2024 da Universidade de Oxford revelou que a sobrecarga de informação está contribuindo para um aumento na fadiga mental, o que pode levar à procrastinação.

Estar constantemente conectado nos leva a saltar de um conteúdo para outro, sem nos aprofundarmos em nada. A cada nova notificação ou atualização, nosso cérebro recebe pequenas doses de dopamina, o que nos mantém presos a ciclos viciantes de consumo de informação.

Esse excesso de estímulos reduz nossa capacidade de concentração, tornando ainda mais difícil iniciar e concluir tarefas que exigem atenção sustentada. O resultado é um aumento na procrastinação, já que nosso cérebro se torna menos eficiente em manter o foco por períodos prolongados.

A indefinição de tarefas
cria barreiras invisíveis

Se uma tarefa é vaga, como “trabalhar no projeto”, seu cérebro a interpreta como algo indefinido e complicado. Isso faz com que posterguemos até o último momento, aumentando a pressão e o estresse.

A falta de clareza sobre os passos necessários para concluir uma tarefa cria um bloqueio mental que nos impede de iniciar. Quando não sabemos por onde começar, o cérebro tende a evitar a tarefa por completo.

Esse tipo de procrastinação ocorre com frequência em projetos grandes e complexos, onde a ausência de um plano detalhado transforma o trabalho em algo assustador e difícil de enfrentar.

Aqui estão algumas boas práticas para lidar com os fatores abordados neste texto:

  • Reformular o medo do fracasso: Encare erros como parte do aprendizado e não como uma falha pessoal. Ao invés de enxergar um erro como um sinal de incapacidade, considere-o uma oportunidade de crescimento. Aprender com as falhas reduz a ansiedade e nos ajuda a construir resiliência para desafios futuros.
  • Gerenciar melhor o tempo: Use técnicas como o Pomodoro e defina horários específicos para tarefas importantes. Trabalhar em blocos de tempo ajuda a manter a concentração e evitar distrações, tornando mais fácil o engajamento em tarefas complexas sem se sentir sobrecarregado.
  • Reduzir opções para facilitar decisões: Liste três prioridades diárias e siga um planejamento claro. Limitar as opções disponíveis reduz a paralisia da decisão e nos permite agir com mais eficiência, focando no que realmente importa para o dia.
  • Diminuir o excesso de informações: Defina horários para checar e-mails e redes sociais para evitar distrações constantes. Criar períodos específicos para consumir informações evita que sejamos sobrecarregados e melhora a capacidade de manter o foco em tarefas relevantes.
  • Especificar as tarefas: Em vez de uma meta vaga, divida o trabalho em pequenos passos concretos e gerenciáveis. Quando uma tarefa tem um escopo bem definido, torna-se mais fácil iniciá-la e progredir aos poucos sem se sentir perdido no processo.

Em 2025, a procrastinação continua sendo um desafio, mas agora temos mais dados para entender suas causas. Nosso cérebro não foi projetado para lidar com tantas distrações e estímulos modernos, e isso nos torna vulneráveis a esse comportamento. A procrastinação não é simplesmente preguiça ou falta de força de vontade, mas sim um reflexo de processos internos mais complexos, como medo, ansiedade, sobrecarga de decisões e estímulos digitais excessivos. Pequenas mudanças diárias fazem diferença para reverter esse cenário e melhorar a produtividade sem comprometer o bem-estar.

Se você chegou até aqui sem parar para checar mensagens, já é um avanço. Agora, que tal refletir sobre qual desses fatores mais impacta a sua procrastinação e tomar um primeiro passo para enfrentá-lo?

Referências:

Medo do fracasso e ativação das mesmas regiões cerebrais associadas à dor física: Universidade de Stanford

Tempo médio gasto no celular: Fundação Nacional do Sono

Paralisia da decisão: Universidade de Columbia

Esgotamento digital e fadiga mental: Universidade de Oxford

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