O Startups realizou, na última terça-feira (15), mais uma edição do Pitch Reverso, sendo esta a primeira de 2025. Tradicionalmente, o encontro reúne investidores e fundadores de startups para uma dinâmica um tanto quanto diferente: os investidores apresentam suas teses para as startups, ao invés do contrário.
Desta vez, cerca de 70 fundadores estiveram presentes no evento para acompanhar de perto as propostas da BluStone (representada por Carlos Lopes), HiPartners (Letícia Lage), Indicator (Laura Marchione), Patria (Thiago Maluf), MB Startups (Lívia Calandra) e Invest Tech (Viviane Radiuk). Confira as teses:
BluStone
Carlos Lopes, Managing Partner da BluStone apresentou a tese do fundo voltado a startups em estágio inicial na América Latina com faturamento entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões. Com uma abordagem altamente seletiva – avalia cerca de mil startups por ano, mas investe em apenas três ou quatro – a BluStone prioriza setores como logística e supply chain, saúde e consumo.
Desde 2020, quando iniciou seus relacionamentos com fundos, a gestora já realizou 11 aportes, divididos entre o Fundo 1 e o Fundo 2, este último com US$ 15 milhões em recursos e previsão de até 15 investimentos. Segundo Carlos, as empresas do portfólio apresentam crescimento médio de 155% ao ano.
Além do capital, o executivo destacou que a BluStone conta com uma robusta rede de apoio formada por 60 conselheiros e 60 parceiros operacionais, e tem como missão impulsionar empreendedores com impacto positivo na sociedade.
HiPartners
Letícia Lage, Venture Capital Analyst da HiPartners, anunciou a proposta da gestora de investimentos alternativos especializada em tecnologia para o varejo. Com um olhar amplo sobre o setor, o fundo investe em soluções que vão de fintechs a HRtechs, sempre com foco em atender dores reais dos grandes varejistas brasileiros.
A HiPartners conta com uma base de mais de 90 investidores, entre eles, diretores de grandes redes, e mantém relacionamento com os 300 maiores varejistas do país. Com início em 2011, a gestora já investiu mais de R$ 100 milhões em 14 empresas. Atualmente, opera um fundo de R$ 60 milhões, com estrutura de governança simples, ciclo de aprovação de dois meses e cheques entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões.
Vale lembrar que a HiPartners prioriza fundadores com experiência prática no varejo e valida as soluções por meio de testes diretos com grandes redes, o que acelera a tração e a integração das startups. Entre os destaques do portfólio estão a Bornlogic (força de vendas), a Payface (pagamento por biometria facial), a Aravita (IA para previsão de demanda) e a Food to Save (marketplace para excedente de produção).
Indicator
Durante o Pitch Reverso, Jacobo de Cal, VC Investor da Indicator, apresentou a tese do fundo de venture capital que aposta em tecnologias profundas, rompendo com o padrão tradicional de investimentos em SaaS ou marketplaces.
Com foco em soluções baseadas em IoT (Internet das Coisas), a proposta da Indicator é coletar dados no mundo físico para habilitar inteligência artificial, utilizando uma arquitetura robusta que inclui hardware proprietário, protocolos de conectividade, cloud e edge computing, data intelligence e camadas de segurança com blockchain.
Os investimentos, geralmente em Series A, variam entre US$ 2 milhões e US$ 5 milhões e são direcionados a setores como Indústria 4.0, agro, saúde, cidades inteligentes, logística e clean techs. O fundo já realizou mais de 30 aportes, sendo 13 ativos no Fundo 2, voltado exclusivamente ao Brasil, e conta com cases como a IBBX, que desenvolve protocolos para transmissão de energia sem fio, e a Beegol, com firmware que promove o auto-healing de redes wireless.
Com apoio de investidores estratégicos como BNDES e Qualcomm Ventures, a Indicator também se conecta a players como Lenovo, Motorola, Multilaser e Banco do Brasil. Além disso, oferece às investidas o programa “Building Value Together”, que reúne mais de 75 especialistas para apoiar o crescimento e a escala dos negócios.
Patria
Thiago Maluf, partner da Patria, expôs a proposta da gestora que se consolidou como líder em investimentos alternativos na América Latina, com cerca de R$ 250 bilhões sob gestão e ações listadas na Nasdaq.
A atuação da Patria abrange ativos mais maduros e infraestrutura, com destaque para a plataforma Pátria High Growth, voltada a growth e venture capital. Com a fusão das gestoras IGA Ventures e Camarupim, a estratégia em VC foi fortalecida, resultando em um portfólio de mais de 30 empresas e cerca de 500 deals analisados anualmente.
Desde 2013, a plataforma já realizou aproximadamente 50 investimentos e 18 saídas. Os cheques vão de US$ 500 mil a US$ 20 milhões, focando em rodadas séries A e B e com estratégia concentrada: entre 10 a 15 empresas por fundo, sempre acompanhadas de perto. A gestora valoriza empreendedores com histórico sólido e modelos de negócio escaláveis movidos por tecnologia, ainda que não necessariamente sejam tech puros. Além do capital, oferece suporte em business development, M&A, captação, tecnologia, ESG e recrutamento.
MB Startups
Lívia Calandra, head da MB Startups, contou a história da companhia, destacando que ela surgiu como uma exchange cripto e, desde 2019, direcionou seu foco para a tokenização de ativos como forma de transformar o futuro dos investimentos.
A empresa aposta na tecnologia blockchain para trazer liquidez e simplificação aos processos tradicionais, fragmentando ativos por meio de tokens, com registro descentralizado, smart contracts e digital wallets, eliminando intermediários e reduzindo custos.
Segundo a executiva, a MB Startups já demonstrou resultados com cases como o da Asaas, que gerou liquidez para anjos que estavam ilíquidos desde 2014, e o da Gringo, na qual os founders conseguiram liquidez ainda na série C.
A plataforma permite investimentos com cheques a partir de R$ 25 mil, viabilizando estruturas como equity puro, dívida e modelos híbridos, aproximando o ecossistema brasileiro do dinamismo encontrado nos EUA. Seu grande objetivo é criar uma “bolsa de startups”, oferecendo gestão de cap table, acompanhamento de desempenho e governança transparente por meio da blockchain, dando mais fluidez e segurança às relações entre VCs e investidores individuais.
Invest Tech
Viviane Radiuk, VC investor da Invest Tech, expôs a proposta da gestora com 17 anos de atuação nos setores de tecnologia e telecom, e um histórico robusto que inclui 29 investimentos e 12 saídas.
Com mais de R$ 840 milhões captados ao longo de cinco fundos, e mais da metade já devolvida aos investidores, a gestora atua tanto com startups em estágio inicial quanto com empresas mais maduras, em setores diversos como educação, saúde, fintech e telecom. Um dos destaques do portfólio é a Vero Internet, hoje entre as maiores empresas de telecom do país.
A Invest Tech foca em negócios B2B e B2B2C com tração comprovada, exigindo faturamento mínimo de R$ 1 milhão nos últimos 12 meses ou R$ 100 mil de receita recorrente mensal. Os cheques iniciais vão de R$ 1 a R$ 10 milhões, com possibilidade de follow-on de até R$15 milhões.
Ainda durante o Pitch Reverso, a VC investor explicou que mais do que capital, a gestora oferece apoio estratégico aos empreendedores em áreas como vendas, captação de clientes, gestão financeira, recrutamento e ESG, além de atuar ativamente nos conselhos das investidas.