
Em março, o Google lançou a atualização Wear OS 5.1, apresentando alguns ajustes que os usuários já aguardavam há muito tempo. Na época, a ampliação das opções de cores no aplicativo de Configurações e o controle mais preciso sobre os modos pareciam mudanças pequenas, mas agora está bem claro que tudo aquilo era apenas uma preparação para uma transformação muito maior e significativa na interface.
Chega então o Material 3 Expressive Edition, versão que finalmente entrega a promessa de uma interface mais vibrante e adaptada ao contexto. Mais do que uma questão estética, ela representa uma mudança importante na usabilidade: o Wear OS vem se tornando cada vez mais intuitivo, acessível e realmente prazeroso de usar.
É claro que a saúde e o condicionamento físico continuam sendo os pilares, afinal os smartwatches viraram ótimos rastreadores de bem-estar que você carrega no pulso. Porém, nem todo momento da vida gira em torno da prática de exercícios. Às vezes, só queremos ajustar um cronômetro sem precisar pegar o celular, dar uma olhada breve em uma conversa no WhatsApp ou pular um anúncio de podcast com um único toque. O Wear OS 6 faz tudo isso! Inclusive, ele não apenas ficou mais bonito, como mais inteligente. O smartwatch está evoluindo para se tornar não somente um ótimo assistente de treino, mas para aprimorar e firmar sua personalidade.
Abaixo, listo quais são as minhas cinco principais impressões sobre a nova atualização da plataforma vestível do Google.
1. O Wear OS 6 finalmente adota a integração dinâmica de cores
Os usuários de Android devem se lembrar de como foi transformador quando o Google apresentou o tema de cores dinâmico em todo o sistema, baseado no papel de parede do celular. Este recurso, inclusive, é o mesmo que a Apple acabou “pegando emprestado” pouco tempo depois. Porém, por anos, o Wear OS ficou para trás, preso a uma estética simples e funcional, mas que deixava de lado todo esse potencial expressivo.
Isso finalmente mudou com o Wear OS 6. Agora, a interface do smartwatch se adapta automaticamente à paleta de cores de acordo com o mostrador da vez, trazendo para o pulso o mesmo nível de personalização que os smartphones Android já oferecem há muitos anos. Essa mudança vai muito além do visual: se trata de uma linguagem de design coesa, que une seus dispositivos da melhor forma possível.
O Google chama essa novidade de “tema de cores dinâmico”, e ela não fica restrita somente aos menus do sistema. Segundo o Android Developers Blog, aplicativos de terceiros e mostradores também poderão aproveitar a mesma paleta. Ou seja, na teoria, seus aplicativos favoritos devem começar a parecer mais integrados e harmônicos, menos como acessórios deslocados e mais como uma extensão natural do ecossistema Wear OS.
2. Rolagem suave que parece uma atualização de hardware
Às vezes, são justamente as pequenas coisas, como a rolagem, que fazem a maior diferença no uso diário. No Wear OS 6, as animações e transições foram bastante aprimoradas, então não é mais apenas uma questão de aparência: o sistema inteiro está mais fluido e parece mais cuidadosamente pensado.
A nova rolagem oferece dicas sutis, como indicadores visuais que mostram o quão longe você está do final de uma lista, te ajudando a ter uma noção melhor do contexto. As animações no painel de Configurações Rápidas e em toda a interface usam transformações de forma e movimentos no design para guiar a atenção e reforçar as interações. Essa mudança não é algo chamativo criado apenas para impressionar, mas sim um design funcional que cumpre seu papel de forma discreta e eficiente.
Juntas, essas atualizações fazem a navegação parecer perfeita, como se o próprio relógio tivesse ganhado um aumento de desempenho sem precisar de um novo hardware. É aqui, então, que o refinamento do software se encontra com a verdadeira usabilidade, e finalmente parece que o Wear OS está cumprindo a promessa de oferecer uma experiência de smartwatch premium para seus usuários.
3. As informações visíveis no Wear OS 6 realmente tornam o relógio útil
Em um dispositivo com espaço de tela limitado, clareza e rapidez são essenciais. Essa é a ideia central por trás da nova interface, pensada para ser fácil de consultar de forma rápida no Wear OS 6.
Eu ainda não tive acesso à prévia para desenvolvedores, mas com base nas prévias oficiais do Google e na análise detalhada de Adamya Sharma, do Android Authority, as melhorias ficaram muito claras. A navegação pela interface parece muito mais rápida, limpa e intuitiva, com um posicionamento mais inteligente das ações usadas com frequência, além de blocos de informações menores que evitam toques intermináveis.

Aplicativos como o Google Maps agora mostram seus locais salvos de uma maneira mais rápida. Os controles de mídia estão mais acessíveis e organizados, e até mesmo a tela de perfil dos contatos foi cuidadosamente reformulada para mostrar as opções que você realmente precisa.
Toda a experiência está claramente focada na usabilidade real e prática. Não se trata de fazer mais coisas, mas de fazer o que realmente importa e com agilidade. Acredito que é exatamente isso o que um smartwatch deveria fazer desde o começo.

4. A IA Gemini chega ao Wear OS (mais ou menos)
No dia 13 de maio, o Google confirmou discretamente que o Gemini está chegando aos smartwatches com Wear OS. No entanto, curiosamente, a IA não recebeu nenhuma menção nas duas horas de apresentação no Google I/O, o que pode ser um sinal de que a tecnologia ainda não está pronta ou que alguém no Google simplesmente esqueceu que os relógios inteligentes existem.
Pelo que entendi, o Gemini vai oferecer um determinado nível de integração com o sistema dos relógios, e inicialmente ele vai depender de uma conexão com a Internet para funcionar. Em outras palavras, ainda não vamos receber um agente de IA totalmente integrado no pulso. Mas, em breve, o Gemini será um assistente projetado para melhorar as interações em todo o ecossistema Google.
Na teoria, o Gemini deve oferecer uma assistência mais inteligente no dispositivo, trabalhando junto a outros aplicativos do Google, visando apresentar informações relevantes e simplificar as tarefas mais básicas. Tudo isso parece útil, claro, mas pode ser um pouco decepcionante se considerarmos tudo o que os assistentes de IA vêm prometendo em outras plataformas.
Pessoalmente, gostaria de ver uma integração ainda mais profunda. Imagine só o Gemini cruzando dados de condicionamento físico, eventos do calendário e até mesmo sua localização para oferecer insights relevantes de bem-estar ou sugestões que realmente farão a diferença? Por enquanto, ele funciona mais como uma camada de entrada e saída mais inteligente do que como um verdadeiro parceiro baseado em IA.
E, sinceramente, com Sam Altman e Jony Ive supostamente preparando um dispositivo vestível elegante e totalmente nativo de IA, talvez seja hora de o Google repensar a função do Gemini para o futuro. Isso porque, no estado atual, ele é apenas mais um assistente de voz no seu relógio, o que não soa exatamente futurista aos nossos ouvidos.

5. Os ganhos de bateria do Wear OS 6 são a vitória menosprezada
Todas as melhorias do Wear OS 6, como as novas animações, informações mais visíveis e temas dinâmicos, são muito bem-vindas, mas também exigem mais do hardware do dispositivo. Por isso, quando o Google anuncia uma melhora de 10% na eficiência da bateria graças às otimizações feitas no sistema operacional, realmente nos impressionamos. Isso mostra que eles não estão focados somente no visual, mas em oferecer uma experiência de smartwatch mais duradoura e prática no uso diário.
É claro que só teremos a confirmação com testes práticos reais, mas a novidade já é um indicativo animador de que desempenho e autonomia finalmente estão sendo levados a sério.
Considerações finais
O Wear OS 6 ainda está em processo de desenvolvimento e, atualmente, está disponível apenas como uma prévia para desenvolvedores. O Google afirma que a versão pública deve chegar até o final do ano, o que pode acabar complicando o lançamento do Pixel Watch 4, previsto para agosto de 2025. Esse descompasso no cronograma pode frustrar alguns dos primeiros usuários, mas também oferece ao Google mais tempo para aprimorar a experiência e entregar o melhor resultado.
Também será bastante interessante acompanhar como os parceiros de hardware do Google, como Samsung e OnePlus, vão adotar e implementar essas mudanças em seus produtos. A fragmentação sempre foi um desafio, e o Wear OS 6 pode finalmente ser a versão que traz mais coesão para a plataforma.
No geral, estou gostando do que o Google está fazendo. A interface está mais inteligente, a experiência do usuário mais fluida e, mesmo que a integração com o Gemini ainda pareça incompleta, é um grande passo na direção certa. Estou otimista, mas com um pouco de cautela. E vocês? O que acham da novidade?