Estilo de Vida

Milão 2025: Brasil Brilha na Maior Festa do Design Mundial

Milão 2025: Brasil Brilha na Maior Festa do Design Mundial

por Almir Soares | Sócio-Diretor da A4&Holofote Comunicação

Enquanto meus amigos postavam selfies em meio a instalações deslumbrantes e móveis que parecem saídos de alguma nave espacial, eu aqui, devorando cada informação sobre a Milan Design Week 2025 com aquela inveja boa. De 7 a 13 de abril, a capital italiana transformou-se no epicentro do design global, e mesmo à distância, posso dizer que esta edição deixou um legado extraordinário para o setor criativo mundial. E o Brasil? Ah, nosso país causou um verdadeiro frisson nas ruas milanesas.

 

Entrada Il Salone (Foto Divulgação)

Sob o tema provocativo ‘Mondi Connessi’ (Mundos Conectados), a semana explorou como o design pode criar pontes entre realidades físicas e digitais, culturas diversas e até mesmo entre humanos e máquinas. A instalação ‘A-Un’ da Lexus, por exemplo, revelou uma interface futurística para veículos elétricos, denominada Black Butterfly, demonstrando novas possibilidades de conexão homem-máquina que parecem saídas de um filme de ficção científica.

Enquanto isso, no Palazzo dei Giureconsulti, o pavilhão holandês ‘Masterly’ encantou com uma seleção curada de design, moda e fotografia que destacava a identidade criativa dos Países Baixos. Já a icônica Gucci apresentou nos Claustros de San Simpliciano a exposição ‘Bamboo Encounters’, explorando a relevância contemporânea do bambu no design e destacando a importância da sustentabilidade.

Bamboo Encounters – Gucci (Foto Divulgação)

Como não mencionar a provocativa instalação da Marimekko em parceria com Laila Gohar? Sob a intrigante pergunta “O que acontece na cama?”, transformaram um dormitório em um cenário dinâmico no Teatro Litta que ia se modificando ao longo da semana. Aquela que eu queria muito ter visto pessoalmente, confesso.

Milão 2025: Brasil Brilha na Maior Festa do Design Mundial

Marimekko – O que acontece na cama (Foto Divulgação Marimekko)

O Brasil chegou com força total. Com apoio da ApexBrasil e da Abimóvel, 90 marcas brasileiras levaram nossa criatividade para Milão. Um detalhe que me encheu de orgulho: 12 dessas marcas eram das regiões Norte e Nordeste, mostrando a diversidade criativa de nosso território.

No FuoriSalone, a exposição brasileira trouxe uma narrativa fascinante em torno da ‘chuva do caju’ (Cashew rain), fenômeno natural que simboliza transformação e boa colheita. Sob curadoria de Bruno Simões, os brasileiros apresentaram peças usando materiais que só poderiam ser nossos: couro vegetal de abacaxi, couro de pirarucu e borracha amazônica. Teve até revestimento cerâmico feito com sobras de jeans da indústria da moda – genial. Já no iSaloni, o Espaço Brasil, liderado pela Abimóvel, reuniu 33 marcas nacionais dialogando com o tema central desta edição: ‘Pensado para Humanos’.

Chuva do Caju (Foto Divulgação)

Se eu pudesse resumir as tendências observadas em uma palavra, seria: conexão. A sustentabilidade segue como pilar fundamental, mas agora com uma abordagem mais holística que integra tecnologia e tradição. O bambu, material milenar, ganhou novo protagonismo, assim como a experimentação com materiais inusitados derivados de resíduos. A personalização extrema e o design que responde às necessidades humanas específicas também foram destaques. Observamos ainda uma forte presença de colaborações improváveis entre marcas tradicionais e designers disruptivos, como a parceria entre Jil Sander e a centenária Thonet, reimaginando as icônicas cadeiras de aço tubular de Marcel Breuer dos anos 1920.

Mesmo sem ter pisado em solo italiano este ano (quem sabe em 2026?), sinto que a Milan Design Week 2025 consolidou uma mensagem poderosa: o design transcende objetos e se estabelece como linguagem universal. A participação expressiva do Brasil mostra que estamos não apenas exportando produtos, mas exportando narrativas, valores e uma visão de mundo singular. Nosso país demonstrou que consegue aliar tecnologia, criatividade e sustentabilidade de forma autêntica. Como diria minha avó: “brasileiro não tem medo de misturar cores” – e eu acrescentaria: nem de misturar ideias, materiais e sonhos.

Da minha mesa em São Paulo para os salões de Milão, fica a certeza de que o design brasileiro segue conquistando admiradores e, mais importante, inspirando um mundo mais conectado e consciente. E no próximo ano, quem sabe, serei eu postando selfies diretamente dos cenários mais criativos da cena internacional.

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