Estilo de Vida

“Minha amiga gerou o meu bebê”

“Minha amiga gerou o meu bebê”

Mariana e Débora se conhecem desde a infância, mas foi na faculdade, em Vitória (ES), que os laços se fortaleceram de vez. Débora cursava enfermagem, Mariana estudava fisioterapia, e o dia só começava depois de um café juntas. Os corredores da universidade, as idas e vindas das provas, os almoços estendidos por conta das conversas. Sempre que alguém perguntava, era difícil ver uma sem a companhia da outra. Elas se tornaram unha e carne.

Quando Débora ficou noiva de William, Mariana era presença certa em cada detalhe. Acompanhou as alegrias e as inseguranças que surgem quando se escolhe dividir a vida com alguém. Ser madrinha de casamento foi quase uma formalidade, pois ela já fazia parte da família. Mas, naquele momento, nenhuma delas imaginava que essa amizade se tornaria a raiz de um gesto que mudaria tudo.

Débora sempre quis ser mãe. Na casa cheia de primos e sobrinhos, era fácil se imaginar com um bebê no colo, contando histórias, cantando baixinho até o sono chegar. Contudo, esse sonho quase deixou de existir. 

Câncer no colo do útero. Foi esse o diagnóstico que Débora recebeu após 3 anos tentando engravidar sem sucesso. Como se não bastasse, vieram outras alterações em seus exames: endometriose, adenomiose, cistos no ovário. A maternidade biológica não seria mais uma possibilidade. Com a notícia, a irmã de Débora se voluntariou para ser sua barriga solidária. Elas chegaram a fazer três inseminações artificiais, porém sem sucesso. O sonho da maternidade parecia cada vez mais distante. Foi quando Mariana apareceu com uma proposta.

Durante um almoço despretensioso, Mariana olhou para Débora e disse: “Eu quero gerar o seu bebê. O meu útero está aqui para você”. Seu olhar estava firme, ela falava de verdade. A amiga queria ser a barriga solidária que geraria o filho de Débora e William. Mas não foi simples. Para ser uma barriga solidária no Brasil, é preciso seguir normas estabelecidas pelo Conselho Regional de Medicina (CRM). Uma das exigências é que a gestante seja parente de até quarto grau do casal que deseja ter um filho, o que não era a situação de Mariana. O caso precisou ser analisado e aprovado pelo Conselho, garantindo que não houvesse fins comerciais na doação do útero e que todos os envolvidos estivessem cientes das implicações médicas, legais e emocionais do processo.

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“Maria Júlia veio ao mundo cercada de amor, de histórias entrelaçadas, de promessas que se cumpriram”

Foram longos meses de espera, exames, aprovações médicas e burocráticas, mas, no fim, elas conseguiram o consentimento e seguiram com a inseminação. Débora, em silêncio, pediu para que tudo desse certo. Mariana sentia dentro de si que tudo iria ocorrer bem, mas também guardou em pensamento até a confirmação. Quinze dias depois, veio o resultado: Débora e William estavam grávidos por meio de Mariana. 

A gestação foi vivida em conjunto. Todos os dias, uma ligação ou troca de mensagens. Se ela sentia enjoos, Débora também experimentava o sentimento. O bebê chutava, e as duas celebravam. A barriga crescia, e Débora via a maternidade tomando forma diante de seus olhos. O medo deu espaço à gratidão. Se não podia gerar, poderia sentir. No dia do parto, Débora sentiu o coração explodir. Maria Júlia veio ao mundo cercada de amor, histórias entrelaçadas e promessas que se cumpriram. 

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Hoje, quando fala da filha, a voz transborda carinho. A pequena é falante, cheia de sorrisos. É a resposta para todas as noites de incerteza, para cada lágrima que caiu antes do resultado positivo. E Mariana? A amiga continua por perto. Tornou-se madrinha da filha que gerou para sua amiga. A família de Débora é a família de Mariana, nos mostrando que algumas amizades surgem para multiplicar a vida. 

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