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Selic e startups: o risco de investir em agtechs vale a pena para quem?

Selic e startups: o risco de investir em agtechs vale a pena para quem?

*Por Henrique Galvani, CEO da Arara Seed

Em um cenário de juros elevados, como o atual, os impactos para as empresas são complexos e variados. A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, é um dos principais instrumentos utilizados pelo Banco Central para controlar a inflação e o crédito. Atualmente, ela está em 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016.

Esse movimento, embora necessário para conter a inflação, prejudica os investidores, que passam a enfrentar custos de crédito mais altos. Isso dificulta a expansão de empresas e a execução de novos projetos. Ainda assim, o Brasil em 2024 mantém bases econômicas sólidas, com destaque para setores como o agronegócio e a indústria exportadora, que continuam sustentando a balança comercial.

No caso das startups do agronegócio, as chamadas agtechs, o panorama é menos sombrio do que se imagina. De acordo com o Radar Agtech Brasil, relatório elaborado pela Embrapa, Homo Ludens e SP Ventures, os investimentos em agtechs na América Latina cresceram 25% em relação a 2023, segundo dados divulgados em março deste ano.

Mesmo com a Selic elevada, o investimento em startups — especialmente no setor agro — continua sendo uma tese de longo prazo. Isso porque o agronegócio está cada vez mais inserido em contextos de inovação climática, biotecnológica e digital. Diante de desafios como mudanças climáticas, escassez hídrica e degradação do solo, o setor agro se torna ideal para soluções escaláveis, que aliem produtividade e sustentabilidade.

O gráfico mostra que o volume de investimentos em startups do agro e clima no Brasil superou R$ 1,16 bilhão em 2024 — acima do registrado em 2023. A alta da Selic não freou quem aposta em inovação sustentável.

Brasil como hub agroalimentar global

Com vasta biodiversidade, base produtiva moderna e destaque internacional, o Brasil está estrategicamente posicionado para se tornar um polo de inovação agroalimentar. Investidores atentos a movimentos de transição climática e energética encontram no agro um setor resiliente e preparado para o futuro.

Inclusive, o cenário de real desvalorizado atrai ainda mais o capital estrangeiro interessado em clima e sustentabilidade. O Radar Agtech Brasil aponta que os fundos estão priorizando startups com foco em eficiência, sustentabilidade e competitividade, especialmente nos mercados da Argentina, Brasil e México.

O risco pode ser a maior oportunidade

Portanto, embora a Selic elevada represente um desafio, não elimina as oportunidades. Ao contrário: força o mercado a se reequilibrar e valoriza projetos sólidos e preparados para adversidades econômicas. Para startups do agro, o risco pode valer a pena — especialmente se estiverem bem posicionadas para captar investidores que buscam inovação com impacto. O que está em jogo não é apenas o custo do crédito, mas a capacidade de adaptação e de identificar as oportunidades em meio à crise.

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