
CNBB abriu as atividades nesta Quarta-feira de Cinzas com uma missa pela manhã, presidida pelo secretário-geral, dom Ricardo Hoepers
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou, na manhã desta Quarta-Feira de Cinzas, a cerimônia de lançamento da Campanha da Fraternidade 2025, na sede da entidade, em Brasília. A Arquidiocese de Olinda e Recife lança o evento na Comunidade Ilha de Deus, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife.
Com o tema Fraternidade e Ecologia Integral e o lema bíblico (retirado do livro de Gênesis) Deus viu que tudo era muito bom, a campanha tem como objetivo promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, com atenção especial ao grito dos pobres e da Terra.
“A cada ano, são propostos temas que nos ajudam na reflexão de algum elemento, do ponto de vista social, para a nossa conversão integral. Não existe uma conversão fragmentada da pessoa: ‘ou eu mudo inteiramente meu coração, minha mente, minhas falas, ou não é conversão’. Não é a primeira vez que, nestes 61 anos (início da Campanha da Fraternidade foi em 1964), a Igreja fala sobre ecologia”, disse o padre Pedro Igor Leite, em entrevista à Rádio Jornal nesta quarta-feira (5). Ele é integrante da equipe de Campanhas do Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Durante o debate na rádio, padre Pedro lembrou que já foram realizadas oito Campanhas da Fraternidade com tema ecológico, como em 1986 (Fraternidade e a Terra), em 2004 (Fraternidade e Água) e em 2017 (Biomas Brasileiros e Defesa da Vida). “São temas em que a Igreja percebe que nós precisamos parar para refletir, que tem alguma coisa acontecendo e, por isso, precisamos parar para refletir. Neste ano de 2025, o tema nos leva a ver que ao lado de uma crise socioambiental, existe uma crise humana.”
Para o padre Pedro, “não há como pensarmos em crise climática sem antes pensarmos numa crise antropológica”. Ele reflete que, como homens e mulheres, somos membros da criação. “Deus não criou a luz, o sol, a água, os pássaros e o ser humano como algo à parte. Assim, uma das partes da campanha é retomar o que chamamos de teologia da criação. Somos partes integrantes da criação. Quem destrói a criação somos nós, por causa de uma lógica errada de compreensão da bíblia de que o homem e a mulher são dominadores da terra. Na verdade, fomos colocados para cuidar da terra”, destacou padre Pedro.
Ações locais
No Recife, a programação desta quarta-feira inclui apresentações culturais protagonizadas pela comunidade e algumas falas para animação da vivência do tema. Na ocasião, o arcebispo de Olinda e Recife dom Paulo Jackson convida os fiéis para o início da quaresma.
O ponto alto do dia será a celebração eucarística, às 16h, com a imposição das cinzas, popularmente conhecida como Missa de Cinzas. O rito é um lembrete de quão breve é a vida e do porquê as pessoas devem buscar as coisas do céu: “Lembra-te que és pó e ao pó voltarás” (Gn 3,19).
A celebração com imposição das cinzas marca o início da quaresma, que é o período de quarenta dias que precede a Páscoa. Durante este tempo, ao fiel, pede-se penitência, esmola e oração, em preparação para a vivência da Páscoa – a ressurreição do Senhor.
A Campanha da Fraternidade
Celebrada nacionalmente desde 1964, a Campanha da Fraternidade é um modo de a Igreja Católica no Brasil celebrar o Tempo da Quaresma – os 40 dias em preparação para a Páscoa com atitudes de oração, jejum e caridade.
O ponto alto da Campanha é a Coleta da Solidariedade, realizada em todas as comunidades do Brasil no Domingo de Ramos (neste ano, nos dias 12 e 13 de abril). Os recursos são destinados a projetos sociais em todo o País.